terça-feira, 31 de julho de 2007

clímax

agora tudo vem com a força extrema. o máximo, o auge. um espirro grotesco de felicidade.
a vida poderia ser um filme, às vezes. com trilha sonora e tudo - hoje madeleine peyroux. jazz jazz jazz jazzy baby...
experimente andar no centro da cidade olhando no rosto das pessoas que vêm em sua direção. cantarole mentalmente uma canção. é uma sensação.
eu posso voar!!

domingo, 29 de julho de 2007

o erudito e o popular

apresentei lupicínio rodrigues a conrado gonçalves.
- conrado, lupicínio. músico popular brasileiro que canta como ninguém as mais geniais canções de amor, ódio e traição, as músicas dor-de-cotovelo...
aliás, foi lupicínio quem inventou o termo. refere-se ao gesto de sentar num bar, cravar os cotovelos no balcão para apoiar a cabeça e passar lá horas bebendo e chorando o amor que se perdeu. interessante, não?
conrado ouvia, eu falava. lupicínio era da época em que se cantava sambas com muito ar nos pulmões. com letras e vocais dramáticos, operísticos. e assim íamos acompanhando algumas músicas na voz de linda batista...
eu poderia ficar por aí, mas toda vez que eu falo de música popular brasileira ou falo de caetano veloso ou falo de joão gilberto. falei de joão e da diferença que trouxe a bossa nova para a mpb com suas melodias e vozes suavezinhas. e, cantarolando ‘bim bom’ e ‘oba-la-lá’, conrado imediatamente me diz que é mais lupicínio.
eu sou mais joão.
e poderíamos ficar por aí, mas toda vez que eu falo de música eu falo de rock n roll. e de lupicínio e joão fomos para black sabbath e pink floyd na mesma comparação. joão está para lupicínio assim como... deixa-me ver.... pink floyd está para black sabbath, entende?
black sabbath é mais dramático, mais satânico e mais popular – como lupicínio.
pink floyd é mais suave, mais sublime e mais erudito – como joão.
e um também veio meio que depois do outro.
conrado então me diz que no rock n roll ele continua lupicínio.
e eu, como não sigo mais em linha reta, se sou pink floyd na mpb, também fico com lupicínio no rock n roll.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

silêncio

assim vou seguindo. o ônibus, as placas, as dicas, a intuição. adiante, num rumo frágil, de sustentação movediça. às vezes me pergunto o que estou fazendo da minha vida. onde a casa, o trabalho, os planos, tudo adiante parece longe, muito longe de mim e, pior, morno e desbotado. nesta hora a boca costura um silêncio de morte. mas a morte não vem tão fácil assim e resta um resto, uma sobra opaca e sem gosto, tipo comida requentada no terceiro dia. e assim mesmo vou seguindo, sem sorriso, sem pranto e sem apetite, e tudo estaria muito sem graça não fosse o dia seguinte. o dia seguinte tem a mágica de me fazer levantar da cama e olhar o céu. e ainda que eu saiba que tudo não vai ser diferente, o dia seguinte diz que sim, diz que eu vou ganhar na loteria e ter muito dinheiro para fazer um monte de coisas legais demais na vida. e eu posso ficar horas pensando no que eu vou fazer com tanto dinheiro, contabilizando gastos e prazeres felizes para sempre. mas aí eu me surpreendo pensando que eu gostaria que a vida fosse exatamente o que ela já é, só que um pouquinho mais luxuosa, e eu penso que eu nem preciso de tanto dinheiro assim, que eu preciso de pouco, de poucas coisas, que eu preciso na verdade daquilo que de certa forma eu já tenho. e então a casa, o trabalho, os planos e tudo adiante parece perto, muito perto de mim. e assim a boca se fecha num silêncio que parece eterno.
......

segunda-feira, 23 de julho de 2007

ui!

você inventa o amor
eu invento a solidão



Tom Zé
Tom Zé - Ui by Leonardo Holanda

sexta-feira, 20 de julho de 2007

a invasão do espírito balzac

no palco um rapaz magro de camiseta, calça jeans e tênis all star balança o corpo e a cabeça tipo o kurt cobain - o som também é muito parecido. me olho de cima a baixo e vejo uma camiseta, uma calça jeans e um tênis all star, mas o espelho da frente não engana: eu não tenho mais 18 anos.
no salão os jovenzinhos se divertem tanto! eles contam histórias, falam sem parar e riem muito. fumam muito e bebem muito também. falam de qualquer assunto com propriedade, seguros de que suas idéias são libertadoras e revolucionárias. e penso que eles têm razão. o mundo mudou com as idéias de certos jovenzinhos.
eles tem idéias incríveis porque eles pensam muito. e pensam com a mente livre porque não precisam pensar no que vão comer a semana inteira para saber o que vão comprar no supermercado. eles não precisam pensar em como vão fazer para ganhar mais dinheiro ou como vão administrar o dinheiro que tem. eles não precisam pensar em como vão consertar o vazamento da cozinha tampouco em resolver o problema da umidade do guarda roupa. eles não precisam pensar em ir ao médico, em fazer exercícios físicos e muito menos em parar de fumar. o futuro é muito, muito longe.
eu olho os jovenzinhos e acho eles bonitinhos como quem olha para filhotinhos de animais. eles são tão bonitinhos e inocentes...
dez anos depois os assuntos são escassos, as idéias vis, a lista de compras enorme e a felicidade se reduz a ter uma máquina de lavar. na pauta, carreira, casa, casamento e a possibilidade de filhos. agora se sabe muito bem da importância que tem ter um plano de saúde. e sabe-se como eles custam caro também. e aos 28 anos não tem essa de futuro, tem plano de aposentadoria.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

saudade

trevas tenebrosa tristeza cadê você? onde andas a enfiar sua cara encaracolada de rugas e sarnas a doer? esqueceu-se de mim e foi parar na casa da rua amarga de número quarenta e três? diz que volta e que me aguarda ensandecida de saudade. diz que sabe que de seu assunto eu já sou perita e que foi embora porque teve que ajudar alguém mais a perigo - diz que me deixou porque sabe que sei cuidar de mim. mas diz também que não agüentou tão pouco tempo e que tão pouco tempo fez a saudade te arrebatar dores lancinantes no peito e estranguladas sufocantes na garganta. diz que está voltando correndo e que está demorando um pouco porque a casa da rua amarga de número quarenta e três fica em jacarepaguá.
diz...

domingo, 8 de julho de 2007

saldo negativo

domingo à tarde. momento vazio. uma semana inteira ida e outra inteira chegando. um canto aqui se enche de lembranças. daquilo que aconteceu ontem e mais ontem. aquela idéia aquela rua aquele show aquele disco aquela conversa aquela expressão aquele jeito que dei com a mão.. foi-se tudo. ficou a lembrança e ficou a espera. porque agora vem mais. vem o exame a aula o curso o estudo a conta a compra o trabalho o lixo.. vem tudo. vem tanto ainda. e poderia ser tudo muito bom, não fosse essa sensação incômoda.
....
é chata essa sensação incômoda que insiste em me dizer que o que passou foi bom e o que vem será ruim. muito ruim.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

jacarepaguá

as três coisas que eu detesto em você:
as cotoveladas nas portas dos ônibus para garantir
um lugar sentado,
a distância prolongada pelo trânsito,
a solidão.

as três coisas que eu adoro em você:
a serra,
o silêncio,
a solidão.




segunda-feira, 2 de julho de 2007

com amor

Não importa se você é homem ou mulher
Bonito ou feio
Estúpido ou sagaz
Cafona ou sofisticado
Rico, pobre ou nem lá nem cá
Pouco importa o que você faz na vida
O que você faz da sua vida
Com quem você anda
Pelo o que você se comove.
Não importa..
Seja quem você for
Eu ODEIO você.
Eu ODEIO você
Eu odeio você.